PRODUÇÃO DE POLIESTIRENO
O poliestireno tem sido um importante produto no mercado nacional, com ênfase no segmento de eletrodomésticos principalmente os da linha branca - setor com grande crescimento nos últimos anos e com boas perspectivas. O segmento de eletrodomésticos representa 35% do mercado nacional com esse composto (Jacques 2010).
A base para sua
descoberta se iniciou em 1786, quando Newman isolou o composto estireno a
partir da destilação do “líquido lambar”, uma resina sólida obtida de árvores e
arbustos no Extremo Oriente e na Califórnia (Warner 1952). A polimerização do estireno resulta no
composto poliestireno. Trata de uma resina do grupo dos termoplásticos, cuja característica
reside na fácil flexibilidade sob influência do calor, que a deixa em forma
líquida ou pastosa.
Na literatura,
o isolamento do composto estireno foi creditado ao farmacêutico berlinense Eduard
Simon (Hart-Davis et al. 2014). Entretanto,
de acordo com Moore (1989), Simon foi o primeiro a polimerizar o estireno, em
1839, produzindo uma substância sólida proveniente da destilação a vapor a
partir da resina gomosa, denominada estirol.
Foi somente com o craqueamento (processo de
decomposição química com uso da pressão e de catalizadores) do etilbenzeno e o
aprimoramento do processo de polimerização do estireno, que o poliestireno pode
começar a ser fabricado em escala industrial (Jacques, 2010). A primeira
empresa a desenvolver o poliestireno foi a IG Farben, no século XX (Hart- Davis
et al. 2014).
- O que é o estireno e como acontece sua produção? (Mendes & Sobral, 2014)
O estireno é um hidrocarboneto
aromático insaturado, ou seja, ele se apresenta uma cadeia benzênica e ligações
duplas. Suas características incluem rigidez e transparência.
Aspectos físico-químicos:
Forma molecular:
C8H8.
Massa
molecular: 104, 15 g/mol.
Aparência:
líquida oleosa.
Densidade:
0,909 g/cm3
Ponto de
fusão: 30⁰ C negativos (243.15K)
Ponto de
Ebulição: 145 ⁰ C (418, 15K)
Solubilidade
em água: 1% <
O processo mais utilizado para a
obtenção do estireno é a desidrogenação do etilbenzeno a partir do contato com
vapor d´água.
No entanto, a
produção pode ocorrer de outra maneira do que a citada acima:
A formação do coque é prejudicial na produção do
estireno. O seu uso diminui o rendimento da reação química ao prejudicar os
catalisadores.
Os
catalizadores mais empregados, na desidrogenção do etilbenzeno, são compostos
inorgânicos, como o óxido de ferro.
No
processo, os inibidores de polimerização foram essenciais para que não ocorra
perdas durante a destilação do estireno a partir do etilbenzeno.
- Como ocorre a polimerização do estireno normalmente?
A
polimerização em massa do estireno, ou polimerização bulk, ocorre num processo chamado “tambor”. Nesse processo, 10 galões (37,7 litros) de
estireno são colocados em tambores e misturados à temperatura alta por vários
dias. A resina é então retirada dos tambores, triturada e empacotada (Jacques 2010).
Poliestireno
- Propriedades
físico-químicas:
Forma
molecular: (C8H8)n
Massa
molecular: -
Aparência: -
Densidade: 1,04 g/cm³
Ponto de
fusão: 240 °C
Ponto de
Ebulição: -
Solubilidade
em água: -
Tipos de poliestireno
Existem três tipos de
poliestireno: O poliestireno Cristal ou Standard
(GPPS – General Purpose Polystyrene), o
poliestireno de Alto Impacto (HIPS – High Impact Polystyrene) e o poliestireno
Expandido (EPS).
- Poliestireno Cristal
É um composto muito usado na fabricação de
embalagens e copos descartáveis. Suas principais características incluem fácil
coloração e transparência (Montenegro et
al. 1997).
Como ocorre
sua produção?
Primeiramente, o estireno irá
passar por uma torre de alumina para que haja a retenção das impurezas
provenientes da sua produção e do anti-polimerizador adicionado durante a
fabricação do estireno. Isso porque esse anti-polimerizador causaria no
poliestireno uma cor amarelada, retirando seu aspecto de transparência. A
resina então segue para os reatores juntamente com aditivos e o iniciador de reação
(comumente os peróxidos) que irão agilizar a reação da polimerização à temperatura alta (Jacques 2010).
Após o reator, o poliestireno
irá para a etapa de devolatilização, separando o monômero não reagido e demais
aditivos incorporados ao polímero. Na última etapa, o poliestireno passa pela
etapa de peletização, onde a massa polímera é transformada em pellets, a forma como os compradores
pedem para ela ser entregada (Jacques 2010).
- Poliestireno de Alto Impacto
É um composto modificado com elastômeros de polibutadieno (borracha
polibutadiênica) usado na produção de vídeo cassetes e de componentes de
refrigeradores e televisores (Grassi & Forte 2011). A borracha que irá dar a
resistência ao poliestireno.
- Como ocorre
a produção?
Em um vaso (onde a borracha
vai ser dissolvida) são adicionados o estireno e a borracha polibutadiênica,
que foi picada em um moinho. Nesse vaso, a mistura acontece por bateladas,
sendo enviada para um tanque de pulmão para depois serem enviada aos reatores. Antes de ser enviada para os reatores, a mistura também vai receber aditivos e o iniciador de reação (normalmente peróxidos).
Durante a polimerização, partículas de borracha se dispersam na
matriz do poliestireno, aumentando sua resistência à impactos. Entretanto, a
adição de borracha retira sua transparência. Nesse processo de produção também vai ocorrer a devolatilização e peletização do poliestireno (Jacques 2010).
Na polimerização do estireno em uma solução de borracha irá ocorrer a
formação de uma cadeia graftizadas do poliestireno no polibutadieno. Essa
cadeia gera uma maior interação interfacial entre o poliestireno e a borracha (Grassi & Forte 2011)
- Como irá ocorrer a graftização?
“A graftização do polibutadieno
inicia-se pela abstração de hidrogênios alísios da sua cadeia macromolecuar por
radicais livres gerados no meio, seguida da adição de uma macrorradical de um
poliestireno em crescimento na mesma (Grassi & Forte 2011).”
- Poliestireno
Expandido
É uma espuma
rígida, que foi obtida através da expansão da resina de poliestireno, usada na
fabricação de embalagens protetoras e de isolantes térmicos (Montenegro et
al. 1997)
- Como ocorre a produção?
Os estirenos irão receber os aditivos e o iniciador de reação para serem enviados aos reatores e formarem poliestirenos por polimerização. Durante esse processo, é injetado ar dentro da resina de poliestireno para que ocorra sua expansão (sua estrutura é formada de 98% ar e 2% de matéria). Após isso, o poliestireno sofre a desvolatilização, e é colocado em um molde e levado à caldeira onde irá ser aquecido (Jacques 2010).
Fios aquecidos irão cortar o poliestireno já sólido em vários tamanhos (peletização), sendo depois usado para diferentes funções (Jacques 2010).
Referências
GRASSIS, V. J.
& FORTE C. M. M. 2011. Aspectos Morfológicos e Relação Estrutura –
Propriedades de Poliestireno de Alto Impacto. Polímeros: Ciência e Tecnologia, vol. 11, n⁰ 3, p. 158.
HART-DAVIS,
A.; FARNDON, J.; GREEN, D.; HARVEY, D.; JOHNSON, P.; PALMER, D.; PARKES, S.;
SPARROW, G. 2014. The Science Book.
Copyright © Dorling Kindersley Limited.
JACQUES, F. B.
2010. Mercado brasileiro de poliestireno com ênfase no setor de
eletrodomésticos. Lume Repertório Digital. Universidade Federal do Rio
Grande do Sul, Brasil. http://hdl.handle.net/10183/35191
MENDES, P.
H.C. & SOBRAL, C. 2014. A partir da
desidrogenação isotérmica do etilbenzeno. Unisanta, Santos, São Paulo,
Brasil. Disponível no site: http://www.engquimicasantossp.com.br/2015/10/processo-de-producao-de-estireno.html
MONTENEGRO, R. S.;
ZAPORSKI J.; OLIVEIRA K. M; RIBEIRO, M. C. 1997. Poliestireno – Área de
operações industriais – ao1. BNDES. Disponível
no site: http://www.bndes.gov.br
MOORE, E. R., ed. 1989. The Dow Chemical Company, Encyclopedia of
Polymer and Engineering. Styrene
Polymers, v.16, p. 1-246, 2aed. By John Wiley & Sons, Inc.
WARNER, A. J. 1952, in R. H. Bounty and R. F. Boyer eds., Styrene, Its Polymers, Copolymers, and
Derivates, Reinhold Publishing Corp., Nova Iorque, p. 3.